Memórias Tribalistas

Depois de um dia de dose dupla de virose com Bernardo em casa: eu de cama tentando mantê-lo de cama, porque nem com febre a pessoa sossega, chega a insônia.....

e aí, esperando o "soninho" chegar a gente pensa na vida e vem escrever....

estava com uma música na cabeça enquanto tentava dormir: "Já sei namorar", "clássico" do grupo formado por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.....

tive uma relação de amor e ódio com esse cd/dvd, algumas vezes adorava, achava meio louco original, algumas vezes achava meio louco forçado...

durante a véspera de Natal tinha vontade de torcer o pescoço deles cada vez que entrava numa Loja Americana e tava lá o DVD tocando....

foi lançado em 2002, ganhou vários prêmios......

eu namorava meu marido na época e "Já sei namorar" bombava em festas, boates, qualquer rádio, (era uma música "U-HU', aquela que toca e todo mundo sai correndo pra pista dançar curtindo, de olho fechado e copo pra cima) ...

era uma música que eu usava pra provocá-lo, cantando bem alto: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também"...... afinal ele sabia que namorava uma doida ("free spirit" que é poético), e devia ter corrido enquanto pôde..... "eu sou de todo mundo e todo mundo me quer bem", já que graças a Deus sempre vivi rodeada de amigos...

aí saindo desse mesmo disco, "Velha Infância" foi tema de amor de Carolina Dieckerman em "Mulheres Apaixonadas", de Maneco Doido do Leblon....... não sei o que me irritava mais em tudo isso....... pra me vingar (?) casei em 11 de outubro de 2003, dia do último capítulo da novela.....

depois de casada, em 2003, uma frase de "Já sei namorar" voltou a nosso relacionamento, "não tenho paciência pra televisão, eu não sou audiência para solidão", já que meu marido ficava horas diante da TV vendo nada, só vegetando, e brigávamos por isso (o amor é lindo).....

na época de Natal ressucitaram aquela música de presépio, que é meio tortura, meio fofinha......

o fato é que depois do fim do mundo em 2012, farei 10 anos de casada em outubro de 2013... pobre de mim, pobre Bruno, sorte de Digby e Bernardo por terem caído em nossas insanas mãos.....

gente, quando eu era criança e pensava em ter 10 anos de casada, me imaginava meio velhota... sei lá, o tempo é coisa estranha...

e hoje em dia, não posso mais cantar "não sou de ninguém", porque por mais tropicalista e nova baiana que eu seja, hoje pertenço a uma família: pertenço a meu marido (não só pelo sentimento que não pode parar, já que ele é vascaíno), mas porque ele é pai do meu filho humano e do meu filho canino..... e porque ele é chato e reclamão, mas me atura (será que há ligação entre esses 2 fatos?)...

e hoje, pertenço a Bernardo e Digby...... não me anulo como pessoa "que é de todo mundo", mas eles são parte de mim de um jeito que eu nunca pude imaginar...

é aquilo, ser mãe muda também a maneira de você ouvir música....

"Já sei namorar, já sei chutar a bola, agora só me falta ganhar...

Não tenho juiz, se você quer a vida em jogo, eu quero é ser feliz"