quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Seu passado a espera


Pois bem, pessoas... meu amigo Luiz Rodolpho é meu "guardião de memórias"... estudamos juntos na escola, e ele lembra de tantos detalhes que fico chocada... acho que essa minha memória seletiva vem por conta de tudo ter se passado numa época em que não havia escova progressiva, eu usava aparelho, enfim, ainda não trabalhei meu sentimento quanto aos meus momentos pré-adolescentes.



O fato é que o Facebook uniu minha turma de 8ªsérie num grupo, e mais do que rapidamente marcamos um jantarzinho básico... muito bom saber que pessoas que não vejo desde 1962 vão estar lá, e pelas nossas conversas virtuais parece que nossa intimidade será restaurada como se o tempo não tivesse feito nenhuma curvinha.





Minha grande lembrança desses amigos amados é a paixão por cinema, música e livros... imagino como seríamos nessa era de internet... porque íamos pra fila dos cinemas de Copacabana ansiosos a cada estréia, corríamos para a loja americana ou pra sears de botafogo atrás dos vinis e k7s com as trilhas sonoras, comprávamos o "livro que deu origem à série"... somos da época em que às terças feiras depois da novela das oito passava A Gata e o Rato, Magnum, Kate Mahoney, entre outras figuras que acompanhávamos atentos, comentando tudo o que vimos no dia seguinte.





Imagina todo nosso talento e dedicação numa era digital como a nossa?

Eu era nerd, gente, como eu era nerd...

Eu era drama queen, meu Deus, como eu era drama queen...

Certas coisas não mudam, ok.

           
Esse post é especialmente cheio de imagens porque é assim que me lembro dessa fase da minha vida: muitos personagens e histórias marcantes. Filmes que hoje passam no Telecine Cult, mostrando bem claramente que tô véia mesmo e daí.



Amo essas pessoas que vou reencontrar por terem montado uma vida cheia de imaginação, emoção e criatividade junto comigo. E pretendo chegar na restaurante toda trabalhada na Peggy Sue, tomar umas caipirinhas e desmaiar, acordando em 1986 na fila do Condor.

Beijos,

Maddie Hayes

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A Viagem de Tiça



Quatro e meia da manhã, madrugada do dia 30 de agosto... enquanto durmo preparando o corpitcho para uma viagem a trabalho no dia seguinte, o celular toca.... minha irmã do outro lado:

-  Alô, Aninha, minha bolsa estourou...
- Sério?... (pausa para pensar no que responder)... putz, babou nossa bienal domingo!!!

Com esse diálogo super cheio de noção começou minha aventura na chegada de Gabriel. Fiquei acordada vendo TV enquanto minha irmã fazia uma ultrassonografia e descobria que não havia mais líquido na pança, e que meu sobrinho ia chegar com 36 semanas, prematuro, antes do chá de fralda, antes da bienal.

Quando soube que ela estava na Perinatal, corri pra lá, como irmã e enfermeira dedicada. Cheguei, dei um esporro porque ela não me ligou antes, ofereci meu estojo de maquiagem pra ela dar um up no visual antes de ir pro centro cirúrgico, e como sempre minhas idéias animadinhas em momento de crise foram descartadas.

Queria ser solidária, falar que não dói, que minha cesárea foi ótima, que o medo dela era infundado. Ouço palavras do anestesista, pediatra, obstetra... converso com a barriga, falo para Gabriel correr para a luz quando vir uma porta aberta na barriga da  mãe... conto piadas pra esconder o cagaço...

Lá vai minha irmã pro centro cirúrgico, e ficamos esperando: eu, Bernardo, Jane, Fernanda (a madrinha "oficial"), minha mãe, meu pai e Alice, minha sobrinha em seus últimos minutos como filha única.

O telefone toca: Gabriel nasceu! Saímos correndo pelo hospital em direção ao berçário. Tiro fotos de crianças aleatórias, com medo de perder algum lance importante dos primeiros momentos de vida de meu afilhado (já falei que sou madrinha de "consolação"? sou suplente da Fernanda, e Gabriel vai ter que trabalhar o sentimento de vergonha das madrinhas artísticas que ele tem).

Daqui a pouco chega meu cunhado, visivelmente nervoso e emocionado, e aí nossa família começa a gesticular, falar alto, tirar mil fotos... meu pai respira aliviado e vai tomar um café na lanchonete bem ao lado de nós, e enquanto pulamos diante do vidro do berçário acredito que ele deve ter aproveitado para comer uns bolinhos escondido. Minha mãe fica tensa porque não havia roupas organizadas e Gabriel poderia sair na foto da maternidade enrolado numa toalha de banho.

Voltamos pro quarto, e logo chega minha irmã, ainda se recuperando da anestesia. Logo ela toma um antialérgico e fica MUITOLOKA. Sério, foi divertidíssimo. Na hora em que colocamos Gabriel pra mamar ela disse para minha mãe: "a batata frita vem à parte"...

E Gabriel nisso tudo? Ele é a cara da Tianinha. Fofo, gostoso, esperto, chegou sapateando na cara dos padrões médicos e não parece um prematuro, mama como um louco, levanta a cabeça, é todo durinho.

Bernardo, meu filho, passou o dia no hospital, recebendo as visitas. Comeu o jantar do acompanhante e na hora em que chegou o jantar da minha irmã disse: "comida de novo?" Abraçou Gabriel, curtiu o primeiro cocô, saiu pra chamar a enfermeira quando minha irmã disse estar sentindo dor.

Minha irmã ficou ótima (apesar da dor e de achar que eu estava meio psicopata passando a mão na barriga dela toda hora) , viajandona, e quando a nutricionista veio fazer aquele questionário básico, respondia toda trabalhada na onda anestésica. Disse que tomava todos os sucos, que gostava de pão integral, e quando a moça perguntou se ela gostava de granola, ela abriu um sorriso bêbado e falou bem alto:

- Adoooooooooooooooooooro granooooola..........

Eis o novo bordão do momento!! Pena que ninguém gravou pra botar no Youtube!!

E Gabriel já tem o que colocar no crachá quando fizer encontro de adolescentes... no dia da montagem, o grande comentário vai ser:

- viu quem tá coordenando a Banda? o Granola!!!

Isso aí, Granola, boa viagem por esse mundo doido...

Uma nova mulher



Muitas coisas aconteceram nessas últimas semanas...

Pra começar, me rendi ao mundo formolístico e fiz uma escova cuja nacionalidade não sei ao certo - london ou marroquina.

Comprei num site de compra coletiva (uma das grandes roubadas/tentações do mundo moderno), a tal escova, um tal de óleo de argan e um "jato de vitamina C".

Cheguei no salão muito animada com a idéia de nunca mais ficar gripada. Avisei que além do combo queria cortar o cabelo, então conheci a moça que iria realizar essa tarefa nobre de me transformar numa diva, para que eu finalmente tenha um video bombando na internet e possa participar do Superpop e tenha um bordão famoso.

Minha amiga cabeleireira mexeu em minhas madeixas rebeldes e disse: "Nossa, seu cabelo tá super desestruturado!"...

Eu respondi: "cara, você ainda não viu meu estado emocional!"

Fui então me entregar à única coisa que realmente amo fazer em um salão: lavar os cabelos... se eu fosse rainha do Egito, gostaria de ter um séquito que lavasse meus cabelos todos os dias, massageando meu cérebro... já sei até quem seriam os escolhidos: Ryan Reinolds, Jason Bateman, Seth Rogen e Jason Segel, se revezando nessa tarefa gloriosa.

Na verdade foi uma experiência meio 3D, porque o lavabo/pia de cabelo ficava colado numa parede onde estava pendurada uma televisão de plasma gigante. Enquanto a moça lavava meus cabelos, Albieri gritava muito nervoso em cima de mim. Tenso.

De volta à cadeira e já com a química na cabeça, espero minha amiga cabeleireira começar a secar meus cabelos. Ela faz tanta força pra puxar a juba que me sinto culpada de estar ali por uma promoção e não estar pagando todo o valor milionário original do procedimento. Suando, ela dá um risinho nervoso e diz: "nossa, seu cabelo não tem redemoinhos, tem um furacão!"... essa foi a melhor definição que já ouvi sobre meu cabelo rebelde e explodido.

Antes de se despedir e deixar outra colega finalizar a operação, ela se despede e anota meu e-mail, dizendo que está num novo projeto, mais personalizado, muitas coisas "primavera-verão", inclusive lipo pro cabelo... me recuso a comentar a piada pronta.

Saí de lá com cabelos lisos sacudindo bastante a cabeça a cada movimento lateral, e acabei esquecendo que eles não fizeram o jato de vitamina C... ou seja, mais uma primavera trabalhada na rinite.

Nada como um momento mulherzinha no salão, lendo Quem e Contigo curtindo um cabelo mais digno.