quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pense nisso...



Andei pensando em como estamos construindo "gênero" nas cabeças do futuro.... filosofei total, mas é que trabalho num lugar onde muito se debate sobre a homofobia, me orgulho de fazer parte disso, e como mãe fico meio impressionada em como às vezes passamos mensagens truncadas pras crianças...


No sábado fomos lanchar no McDonalds após Bernardo colher sangue e pedir como prêmio por sua bravura um lanchinho. Lá presenciei uma cena muito louca... a mãe entrou com a filha e perguntou o que a criança queria, e claro que a filha pediu um lanche com brinde...


Chegando no balcão a mãe pede o lanche e a atendente diz que só tem 3 modelos de brindes, todos “de menino”... a mãe então, muito brava, pede para cancelar a compra... a filha começa a chorar, porque quer um carrinho do Coringa... a mãe diz que é pra ela parar com o escândalo, que ela não vai comprar um brinquedo “de menino” pra ela... a menina diz que quer, que é legal, e é carregada no colo, aos prantos, para fora da lanchonete...


Quanto energia gasta à toa... que loucura...


Menina não dirige carro e menino não cuida de filho, porque Hot Wheels é de menino e Barbie é de menina, diz a praça de eventos do Shopping Iguatemi... sim, o evento é dividido em 2 áreas SEPARADAS, menino entra por um lado e menina por outro... pobre mãe que tiver um casal de filhos, pobre criança que não gostar daquilo que foi classificado pra ela...


Semana passada no mesmo shopping o evento era “Bakugan X Meninas Superpoderosas”, e os meninos mais velhos estavam querendo passar gel no cabelo no salão de beleza das meninas, o que deixou os monitoras do evento levemente tensas, porque “não podia”...


Nas lojas de departamentos a seção infantil é dividida entre roupas pra meninos e roupas pra meninas... eu, que quando criança não gostava muito de rosa, ia ter que me vestir de saco de batata...


Caso você queira manter o suspense do sexo da criança que espera está ferrado: vai comprar só roupas lisas amarelas e seu bebê vai achar que é um pintinho.


As lojas de brinquedos também estão assim, com os grandes personagens e marcas bem definidos entre brinquedo de menina e de menino... até mesmo os brinquedos “unissex”, como massinha de modelar, vêem com um personagem para destacar o gênero da criança a que se destina o presente...


Menina não ganha carrinho e menino não pode encostar numa Barbie... é assim mesmo? em tempos de comemorações merecidas pela PL 122, ainda tem disso?


Tá na hora de renovar as cabeças retrógradas que trabalham com e para crianças... os pais precisam encarar o medo da sexualidade das crianças, das escolhas que elas farão. Isso me parece claro nessa imposição aflita e forçada de gostos por cores e brinquedos... e não tô nem pensando ainda nas escolas!!!


Na Loja Americana da minha esquina vi um “Hot Wheels da Poly mas fala diferente”... é um brinquedo da Polly, com caixa cor de rosa, bonecas trabalhadérrimas na moda glitter, mas que na verdade é uma pista Hot Wheels (só que cor de rosa).


Anota aí, meninas: pode gostar de carrinho, mas só se for da Polly e cor de rosa... não é de surtar?


Se a gente quer construir uma sociedade com respeito, diversidade e amor ao próximo, temos que lembrar que as crianças aprendem brincando... vai ser mais difícil convencer o dono da C&A que a coleção moda infantil feminina só com Barbie tá chata, mas dá pra fazer algumas coisas pequenas pra mudar o mundo de nossas crianças hoje, agora, bem rápido... quebrar paradigmas nunca foi tão fácil e accessível, nem quando você tava curtindo uma onda hippie e ficou sem tomar banho na década de 60...


Pense em estimular a criatividade e a experiência lúdica do seu filho sem preconceito, deixe que a criança brinque muito, explore mil coisas, sentimentos e gostos... se sua filha pira na Barbie, curta, monte mil fantasias, mas quando der, mostre um livro diferente, filmes de aventura, leve ao zoológico, mostre um jogo de futebol emocionante... pega seu moleque lindo, leva ele para visitar o irmãozinho de um amigo que acabou de nascer, mostre como é bom cuidar delicadamente de outro, pinte, cante, faça um bolo, veja um filme de amor....


Não é só "diversidade sexual", é a conquista do direito de pensar, sentir, gostar, amar, dançar, cantar, escrever, experimentar, e também brincar do jeito que se gosta..


O mundo já é tão esquizo... a gente pode dar uma mãozinha pra nossas crianças ficarem mais bem resolvidas.





Um comentário:

  1. SENSACIONAL!!
    É realmente complicado e, as vezes até inconscientemente aumentamos isso. Tento sempre q o xande manda uma "não quero essa colher ou esse desenho ou etc pq é de menina" falar q não tem nada disso, mas as vezes a gente embarca mesmo na "noia" de gênero q na maioria das vezes não só não muda em nada a futura sexualidade das crianças, como vai tolher experiencias e sensações q elas deviam ter como vc mesma disse.
    Demais Aninha, por isso sou sua fã.
    Bjks

    ResponderExcluir