segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Prainha Bipolar




Há tempos Bernardo me pede para passear na praia depois da aula... como ele sai cinco e pouco, resolvi fazer uma surpresa, num dia em que Bruno chegaria cedo...

Peguei máquina fotográfica, mochila com toalha, cachorro, marido, e lá fomos nós em busca de aventura num início de noite.

Enquanto Bruno passeava pelo calçadão de Ipanema com Digby, o cão gigante, eu e Bernardo fomos até a beira da água, e eu me coloquei na pose de super fotógrafa, agora com uma super máquina...

O mar é fascinante, não importa hora, lugar, idade... a água estava gelada, mas mesmo assim Bernardo quis ficar de sunga, e brincar na beira do mar... corria como louco, pulava ondinhas, perguntava se peixes e tubarões já estavam dormindo...

Eu, num momento empolgado, me abaixei para pegar o melhor ângulo da brincadeira livre de meu filho (a poesia me tirou o juízo), e logo uma onda molhou minha buzanfa... então fiquei ótima, de bermuda jeans molhada..

Depois de muita brincadeira, voltamos para o calçadão, onde Bernardo disse que não gostava de água de côco... Bruno tomou a dele, e depois Digby ganhou de presente o côco geladinho...

Uma delícia de anoitecer, até que chega a hora de ir embora... Bernardo reclama, e só aceita quando digo que vamos passar na casa da vovó pra tomar um banho e tirar a areia.

Chegando no doce lar de vovô e vovó, Bernardo deita no chão da sala e fecha os olhos. A avó chama, ele resmunga, se encolhe. Aí vem o grande "twist" da história... ele começa a gritar que não quer tomar banho porque está dormindo, eu tento conversar, pergunto se algo aconteceu... ele está inconsolável... ele está irredutível... portanto, pego a criatura no colo e levo até o banheiro.

No percurso ele tenta se agarrar nas paredes, na porta, no box... se recusa a tirar a roupa, eu coloco ele de roupa e tudo debaixo d ´água. Chora, chama pelo pai, e eu, com meus anos de treinamento ninja-jedi-Grifinória, falo baixo, e digo que uma das coisas que não posso abrir mão é tomar banho depois da praia.

Não é necessário ter CID para viver a bipolaridade... toda mãe vive isso... num minuto seu filho é fofo, correndo pela areia num comercial de Ades, no outro tá uma vibe meio Regan MacNeil.

Na volta pra casa ele relaxou, conversou um pouco... falei pra ele que era importante que ele fosse meu amigo, que não fizesse bobeira, pra gente passear cada vez mais...

Quando chego em casa, guardando as roupas molhadas da praia, tentando encher meu coração de paz budista novamente, ouço uma conversa no corredor:

"Bernardo, vem escovar o dente!", diz o pai....
"NÃO QUERO AGOOOOOOOOOOORA NÃO", chora a criança....

Digby, o cão, deita na cama, se enrosca no edredon e procura relaxar, porque percebe que vida de humano não é fácil.

Um comentário:

  1. Ai, ai, que dureza essa fase... Sim, considero que seja somente uma fase, testando "até onde posso ir"... Minha pequena não me dava trabalho nesse sentido aos 4 anos (aliás, verdade seja dita, é uma menina muito cordata), mas agora, aos 7 anos e meio às vezes me deixa maluquinha quando aviso que é hora do banho e ela tenta me enrolar... Afff... Mas descobri um forte aliado: o pai! Uma conversa com o pai e pronto, é o suficiente para ela fazer tudo numa boa, sem reclamações ou enrolações. Acredito que pelo fato de eu ser "full time mom" ela já se acostumou ao meu blá-blá-blá, quando o pai fala é sempre diferente. Enfim, seu cachorro é que está certo, ser humano é mesmo muuuuuuito complicado! rsrs
    Baci

    ResponderExcluir