segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

"sei lá, a vida tem sempre razão"


Hoje acordei pensando em música e infância...


acho que aquilo que ouvimos quando criança ajuda a definir quem somos, o que pensamos, como sentimos, o que vemos no mundo...


minhas influências são incríveis, hilárias e ecléticas...


neta de sergipana e paraense, filha de um goiano e de uma carioca que finge que não gosta muito de música, mas tem uma foto adolescente toda estilosa ao lado do irmão que tocava numa banda (todos tocavam numa banda na jovem guarda)....


esse meu tio, meu padrinho, até hoje fala "e aí, vamos levar um som?", típico roqueiro cinquentão...


eram dele umas fitas K7 que eu ouvia quando era muito pequena, com gravações dos Beatles....


tanto que em cima de uma delas minha mãe gravou minha incrível interpretação de "Coelhinho da Páscoa" ..... os 4 rapazes de Liverpool tocando iê-iê-iê e do nada entra uma voz de criança: "de olhos vêmelhos, de pelo blanquinho".....


comecei minha carreira dividindo um álbum com os Beatles, ok?


Os 4 também me ensinaram inglês, não foi mérito apenas da Cultura Inglesa, na minha pré-pré adolescência..


numa época em que pra conseguir a letra de uma "música internacional" era preciso esperar ansiosamente pela edição da revista "Bizz Letras Traduzidas", eu colocava as fitas dos Beatles e pegava um dicionário de inglês, pra ir decifrando o que aquilo tudo queria dizer, e porque me fascinava tanto...


(vai ser nerd assim na década de 80 mesmo)


depois entendi não só o que eles falavam, mas como conseguiram mudar o mundo...


Ah, sim, voltando à infância, na minha vitrolinha vermelha não saiam os compactos da Cely Campelo ("Lacinhos cor de rosa" era tudo), um da Eliana Pitman cantando carimbó, e um de uma mulher toda vestida de prateado ao lado de um robô que cantava uma música chamada "Automatic Lover", que eu gostava de ouvir em rotação alterada, mais rápida...


graças a internet descobri que o nome dela era Dee D. Jackson.... e que essa música fez parte da trilha sonora de Dancin´ Days (10/07/78 a 27/01/79)


os LPs de Roberto Carlos (paixão de minha avó boleira) têm meu nome escrito na capa com a letra da minha mãe, porque quando a tia da escola pedia pra levar um disco que eu gostasse, quem me acompanhava era o Rei, enquanto meus amigos iam de Patotinhas ou Carequinha...


ainda pequena (lá pra 6 anos), não conseguia ouvir a versão de Roberto para "Acalanto", de Caymmi... eram os primeiros acordes começarem pra meus olhos encherem d´água, então eu pegava o braço da vitrola e com cuidado ia pra outra música...


isso acontece ainda hoje, acreditam?


em 79 "Meu querido, meu velho, meu amigo" foi lançada, e lembro da imagem na TV de Roberto Carlos abraçado com o pai velhinho, e que isso também me deixava emocionada...


não preciso nem dizer que quando eu morrer quero que escrevam "Emoções" na lápide, rs,rs,rs


Teve a deliciosa fase baiana de Vinicius, que eu amava.... era uma delícia, e eu cantava aquilo com uma propriedade, entendendo cada "filosofada", cada verso, lições de vida em forma de música, exaltações a vida...


um exemplo mais conhecido? "Samba da Benção"..... (e ponto,né?)


me lembro de gostar de dançar rodando o refrão de "Tonga da Mironga do Kabuletê"....


lembro da capa de um disco de 77, "Vinicius/Toquinho", que tinha uma foto de 2 mãos dadas como se fosse uma figa, e aquilo me dava agonia....


mas tinha a música "Se ela quisesse", que eu amava.... e sempre que ouço tenho aquela vontade carnavalesca de abrir os braços e sair dançando...


nesse disco tem também "O filho que eu quero ter", música que me faz cair em prantos até hoje... e que mostrei quando adolescente pra um amigo/irmão, que também chorou, e a pouco tempo realizou o sonho de ter o tão sonhado filho...


Aí tem o fato de ser descendentes de goianos.... você cresce ouvindo não só as famosas duplas, mas modas de viola que são de uma poesia linda, uma "tristeza do jeca" real, dolorida do sertanejo...


músicas sofridas que fizeram minha alma de criança entender que a vida não era feita só de brincadeiras....


teve a fase dos musicais infantis maravilhosos da Globo, super conhecidos.... música pra criança feita por gente talentosa, incrível, não preciso nem comentar o que significa ter 2 volumes de "Arca de Noé" na sua vida.... o primeiro em 80, o outro em 81, depois de Vinicius morrer (adoro minha intimidade com a pessoa, rs,rs,rs)....


e Balão Mágico, que ganha uma menção honrosa, até porque fez a gente refletir o que o destino faz com as pessoas "famosas"...... e o que essas pessoas fazem com a fama que chegou tão cedo (algumas engravidam no Carandiru, mas quem sou eu pra julgar, rs,rs,rs)


Nisso lá pra uns 10 anos surge um amigo "figuraça" do meu pai que cantava pra gente as músicas mais esquisitas... (Amarante é testemunha).... ele cantava Vicente Celestino (acreditem, "O Ébrio" é uma das mais alerges, rs,rs,rs)....


a que eu mais gostava era uma bem "romântica" em que a amada dizia ao "campônio" pra provar seu amor por ela pedindo que ele arrancasse o coração de sua própria mãe (a sogra devia ser uma pessoa gracinha, mesmo)....


o amigo figuraça gritava: "rasga-lhe o peito, demônio, tira do peito sangrando da velha mãezinha o pobre coração", com voz de filme de terror, e a gente gargalhava...


e também tinham meus parentes goianos que gostavam de cantar "Churrasquinho de Mãe", cujo título é meio auto-explicativo... acho importante pra pessoa juntar caquinhos e levar pra terapia, rs,rs,rs


uma dica: sijoga no Google e no Youtube, busca algumas dessas coisas que são hilárias!!!!


como eu disse, o que um criança escuta influencia bastante sua vida, inclusive sua sanidade mental e bom humor, rs,rs,rs...............


beijos musicais...........

3 comentários:

  1. minha mãe fez parte do incrível trio vocal "As Gatinhas"... Cujo grande feito foi fazer backing vocal algumas vezes para a banda "Os Canibais". Essa década era realmente muito... musical. ehehe

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  2. "As Gatinhas" com "Os Canibais"...
    é tanto duplo sentido que não sei por onde começo, rs,rs,rs

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  3. Naqueles tempos os ébrios usavam bigodões...
    e a gente ria, como ria!

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