sábado, 19 de junho de 2010

feira do livrinho: eu sobrevivi





Fui com Bernardo na feira do livrinho com mais 6 amigos de turma ...


Marcamos de manhã, 09:30, na porta da escola...eles chegavam loucos, insandecidos, animados com o passeio, acredito que embevecidos com o banho de cultura que os esperava.....

Enquanto aguardávamos a chegada de todos, muitos gritaram quando passou uma betoneira em frente a nós... foi uma loucura...depois ônibus, caminhão de lixo, mais gritaria..... pensamos, pra que vamos nos deslocar pra feirinha lá no Pier Mauá se aqui na esquina de casa eles estão tão felizes com tão pouco?

Como mães dedicadas, acreditando no poder da leitura na construção do caráter de um ser humano, seguimos em frente...
Não posso continuar sem citar os presentes, mas vou usar iniciais para manter a privacidade de todos, sabe como é, os paparazzi não nos deixam em paz...

Estavam em um carro X.R., com a mãe tia Vi, no outro tia F, tio L e R.P., tia S e F.M... em outro carro, M.A. com vovó e tia T, tia C com X.B., no outro carro tia Va com JJ, a princesinha do grupo, com seus cachos encantadores.........

eu liderei a carreata (logo eu que me perco sem nem precisar sair de casa..)...

já no caminho, um momento emocionante: em um sinal, coloquei uma bandeirinha do Brasil que Bernardo tinha feito na escola pra fora da janela, sinalizando meu carro, e todos os outros carros acenaram com suas bandeirinhas iguais!!!!

(poético, mas significa que todas as mães ingratas deixaram as bandeirinhas entregues pela escola na sexta-feira, feitas pelos próprios filhos, esquecidas dentro do carro)

no meio do caminho, Bernardo seguia tenso, me perguntando a cada momento onde estavam as pessoas "cadê tia Vi? onde tá tia F? mãe isso não vai dar certo.."

chegamos, estacionamos e tensos constatamos que havíamos perdido tia Va com JJ no meio do caminho... enquanto caminhávamos pela calçada, Tia Vi tentou com seu super celular descobrir como ligar pra Tia Va, acessando a internet, e diante de tanta tecnologia quase caiu num mega buraco com o celular na mão...

depois de quase ligar pro bombeiro regatar Tia Vi do buraco, percebemos que Tia Va, esperta, havia seguido por outro caminho e chegado na frente...

entramos, e com muita emoção a criançada logo invadiu um estande onde havia uma contadora de histórias, mas chegaram com aquele jeitinho silencioso, cada um pegando um livro e agarrando uma mãe (não propriamente a sua) e pedindo "conta, conta"......

JJ pegou 2 livros super leves, "O Filho do Grúfalo" (quem?) e "Galinha Cega" (!!!) ...

não é a toa que ela ficou impressionada por ter visto o "Ziráculo", uma mistura de Ziraldo com oráculo - é muita cultura de uma vez só, uma beleza....

não deu uns 10 minutos e alguém falou "lanche"...

foi lindo... todos largaram seus livros, suas mães, e levantaram em frenesi, gritando "lanche, comida, pão, biscoito, pão de queijo".......

fomos para a praça de alimentação e todos sentaram numa grande mesa com bancos grandes... uns tiraram biscoitos da mochila, algumas mães foram comprar na lanchonete e logo a mesa se transformou numa mistura de suco, pão de queijo, salsichão, trakinas, fandangos presunto, entre outras coisas que eram devoradas misturadas....

nesse momento, tio L, pai presente mas que estava meio viajandão, curtindo Ziráculo, ganhou a companhia de tio G, pai de F.M., e tio M, pai de X.R.....

Bernardo tava super cheio de sinceridade e amizade, dividindo o momento "lanche coletivo", atracado no fandangos de JJ...

Daí R.P. tem um momento de crise, e sua mãe tia F, fala algo tipo "se vai ficar nervosinho, olha a parede ali, vai lá, bate com a cabeça, se acalma e volta" (frases que se ouvimos fora do contexto, pensamos "como pode, blá-blá-blá", mas só quem tem um filho de 3 anos e meio sabe o que é)...

Bernardo, super companheiro, responde: "R.P., não precisa ir na palede, pode bater a cabeça aqui na mesa mesmo que ela é bem dula"........

M.A. derramou um pouco de mate, enquanto sua mãe saiu pra comprar algo...eu disse a ele que ele podia ter me avisado que eu ajudava ele a secar......Bernardo, super bombando na sinceridade, falou: "da plóxima vez você avisa a sua vó.." pobre vó, que estava na fila do crepe, sem nem saber do ocorrido...

depois da orgia gastronômica, os papais presentes resolveram brincar de aviãozinho com as crianças, e ficamos tensas em ver mistura de salsichão com traquinas + suco digestivo voando pelos ares........

Ok, e os livrinhos????????????

então............................

tio L voltou de uma viagem literária com uma sacola de brindes: caderninho, lápis, borracha e régua... fomos todos atrás, e cada um ganhou um kit....

nesse espaço do ilustrador, todos sentaram no chão pra desenhar, os pais e mães sentaram no chão pra descansar.......

depois de um pouco de briga, ódio, amor e crises existenciais, voltamos aos estandes dos livrinhos...

tia F descobriu sua vocação de contadora de histórias, enquanto Bernardo alisava seus cabelos, apaixonado...

daí, depois de ler uns 20 livrinhos, ela disse que eu iria contar histórias...Bernardo, super sincero, gritou, "ela não!!!!"...

ainda bem que eu ando trabalhando o sentimento, né?

meu filho foi "cuidado" por todas as outras mães, tava num momento de curtir uma semi-liberdade, ou seja, liberdade vigiada por outra mãe - mas e daí, só de não ser a sua mãe te mandando, você já se sente o máximo...

quando todos já estavam exaustos, olhando livrinhos num mesmo estande, Bernardo entrou em crise.... sentou no chão, no meio do corredor, e começou com um "choro técnico"... nada o consolava...

a moça do estande ao lado, com livros "Lua Nova, Crepúsculo, etc", ficou sentida, ofereceu adesivos....

"não quelo!!!", e seguia sentado solitário no chão, com toda sua dor... eu gentilmente peguei os adesivos e disse "obrigada, tia"...

ele seguia chorando, e ela ofereceu um broche... "não quelo!!", exagerando bastante na cara de criança sofrida e abandonada......

eu peguei e disse "que lindo, vou colocar na minha camisa, obrigada, tia"....

a tia, quando viu que o menino ainda chorava, começou:
"o que ele tem? é sempre assim?".........
eu disse : "ele tá meio em crise"......
ela, chocada: "mas ele fica muito tempo assim?"........
eu: "daqui a pouco ele melhora".........
ela me pergunta: "você é mãe ou professora dele?"...........
eu, sentindo que estava sendo reprovada: "sou mãe"..........
e ela: "não era melhor você procurar um psicólogo?"

eu podia ter respondido: "psicólogo pra quem, pra ele, ou pra mim?"

a moça do estande, visivelmente chocada, e que provavelmente não tem filho nem sobrinho pequeno, ainda me de uns outros brindes, mas o que animou mesmo o Bernardo foi ele perceber que ninguém realmente tava dando bola pra ele, e que enquanto ele chorava, X.B. apareceu vestido de pirata, o que foi muito mais interessante, e fez ele imediatemente parar de chorar e se levantar pra brincar.......
enfim, cultura, salsichão, choro, livrinho........

aventura incrível, mas que pode ser vista como um ensaio para que no ano que vem a gente tome bastante coragem (ou medicamentos controlados, ou drinks, ou energéticos, ou tinta guache) e leve todos pra Bienal do Livro, Riocentro, kilômetros e kilômetros de pura animação, coisa de profissional......


8 comentários:

  1. Sensacional!!!
    Tanto o dia de hj quanto o post.
    Os livrinhos comprados foram mais que lidos e mostrados para todos!
    Tô dentro da Bienal com certeza! Até lá já estaremos profissionais em "controle de multidão" rsrsrsr
    Bjs, Tia Vi

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  2. Primeiro, o taxista se perdeu. Depois, deixei o celular no táxi e o passeio ficou prejudicado.
    Demorei um pouco. Quando procurei por você, não achei. Apelei pros alto-falantes (acho que você escapou do mico).
    Felizmente recuperei o celular e estou pronto pra outra aventura. bj

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  3. Aninha,

    você se supera cada passeio infantil e queria saber qual energetico para ter tanto pique!!!! uauauauauau.
    Estou esta presente na feira do livro e houvir qdo chamar pelo alto falante lhe camando só que pena não lhe encontrei, mais muito divertido tb a nossa aventura. eu participei de uma guerra contra a segurança no estand do Ziraldo, pois depois de ter comprado o livro eu e mais algumas mães voltamos a local para pegar o autogrofo do Ziraldo fomos informada que já estava fechado, ai o bicho pegou foi umas confusão só até deu segurança , mais não sai dela sem o meu autogrofo. Depois eu fiquei rindo dai minha loucura oq ue não fazemos por um filho.

    Bjs Adriana

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  4. Aninha,
    Escrevi...escrevi...e, sem querer apaguei!
    Fiquei furiosa!

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  5. Volteiiiiii!
    Lendo o seu blog, fiz uma viagem de volta ao passado, que não me parece tão distante. Recordei vários eventos os quais seus pais, tantos outros pais e nós promovíamos nossos encontros. Alegria! Alegria!
    Festas de aniversários...uma,duas ou mais, no mesmo dia.
    Festas de final de ano escolar...com a nossa participação entre discursos, agradecimentos e danças.
    Festa do 14 de julho...Bleu, Blanc, Rouge da Mami.
    Nossas idas ao Sítio em Arcozelo... o carinho, a amizade, a confiança,o amor!!!!!
    Tudo isso explicaria o seu "energético" para ter tanto pique????

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  6. Neidoca, o pique veio de uma infância doida, porém feliz, e de uma maturidade, que apesar de às vezes sofrida, sabe olhar pra vida e perceber que tem muita coisa legal pra gente fazer!!!

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  7. Chorei de rir lendo o post. Sensacional.

    Posso linkar seu blog no meu ??? Dá uma olhada no meu blog, não é de assuntos infantis, mas, enfim, é um blog...

    Bjs,

    Marcelo (Ou Tio M. , pai do X.R.)
    http://marcelohtr.blogspot.com

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