quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Tiradentes - dia 1, Se me odeia, deita na BR



Agora ninguém me segura, sou realmente uma easy-rider. Só falta a minha Kombi, minha Pequena Miss Sunshine.

Peguei o carro e junto com Bernardo (lamentavelmente sem meu marido que tinha que trabalhar e ficou com Digby, o cão) fui para Tiradentes ver a 15ª Mostra de Cinema, porque somos cultos e antenados.

Comprei uma promoção de uma pousada que fica em São João del Rey, a 5 km do centro histórico de Tirandentes, que é o local onde acontece todo o babado. O endereço era BR 265, número tal. O que eu não sabia é que era bem na beira da BR, e se eu num momento de crise existencial resolvesse odiar a mim mesma, era só deitar na porta da pousada.

Chegamos na cidade às quatro da tarde. Sem brincadeira, estávamos como pinto no lixo, já que somos nerds e maníacos por cinema. Bernardo adorou rever a Turma do Pipoca, brincar de amarelinha na praça. A cidade estava cheia, o tempo estava ótimo, alternando chuva e sol.

Percebi que a educação que dou a meu filho anda ótima, porque a cada loja em que entrávamos ele dizia “Boa tarde, qual seu nome? Você trabalha sozinha aqui?“... mas não consegui focar em nada nas lojinhas enlouquecedoramente lindas, porque ele estava super agitado. Meu coração ia na boca cada vez que ele passava rente àquelas bonecas namoradeiras, aos enfeites de pedra sabão.

Compramos chapéus de aventureiro, uma camiseta para o papai, um chaveiro de madeira com a letra B (igual ao que ele havia comprado ano passado e tinha havia perdido). Ele ficou um tempão com os caleidoscópios, perguntando pra “tia da loja” quem tinha colocado aquelas pedrinhas ali.

Lá pelas 7 da noite ainda estava claro quando resolvemos voltar para a pousada. Quando entramos para tomar banho, um grande acontecimento: o banheiro era enorme, mas não tinha box nem cortina. O chão era inclinado e a água que caía do chuveiro escoava direto pelo ralinho e depois você passava um rodo.

Bernardo pirou com isso. Não entendi o porquê... não sossegou enquanto não tirou uma foto para mostrar pro pai. E passar o rodo foi o evento que fechou a noite com chave de ouro. Aliás o banho coletivo também foi o máximo, e o chuveiro era bom mesmo.

Fomos dormir e ele surtou na hora em que deitou. Falava como uma metralhadora, rolava na cama, deitava de bruços, por cima de mim, sentava novamente... “Mãe, me ajuda a dormir?”... começo a cantar e ele diz que aquilo estava irritando ele... tento uma história e quase pedi água benta na recepção, porque ele ficou possesso. Aí tive que apelar para uma coisa toda fofa e tradicional para acalmar uma criança: um belo esporro.

Ele dormiu agitado, falou muito, quase derrubou a mesinha de cabeceira com o pé. Acho que sonhava com toda a emoção que ele esperava encontrar no dia seguinte. Eu descansei bem ao lado da criança turbulenta, ouvindo os carros e caminhões que passavam pela BR. Mas confesso que também sonhei com o que poderia acontecer, com as novidades inesperadas que fazem uma viagem ser tão divertida.

E claro, atormentada pela pergunta: KD Selton?

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