quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Tiradentes dia 2 - Fama e lágrimas

Dia 2 - manhã...

Cordei, KD Selton?

Coloquei o relógio para despertar às 8 e 15. Tínhamos que correr porque a sessão de cinema começava às 11. Sete horas da matina eu já estava de pé, arrumando mochila, carregando câmera e celular, tomando banho no banheiro famoso.

Oito horas ele acordou. Sentou na cama de sopetão, já falando, perguntando tudo ao mesmo tempo. Trocou de roupa, colocou a fantasia do Homem de Ferro com o chapéu de aventureiro camuflado. Na hora do café, ele achou tudo o máximo, tudo delicioso. Comeu rápido e bem, porque precisava andar rápido. Ai que orgulho de ver meu filho tão parecido comigo – agoniado, ansioso, aflito, tenso.

Subimos na linda Igreja que fica em frente a tenda onde veríamos o filme. Tiramos fotos lindas. Daí ele estava apreciando a vista quando viu a tenda lá embaixo... “corre, mãe, corre, mãe, anda, rápido, o filme vai começar..”

Fomos para a fila, tiramos mais fotos, e percebi que o gosto que meu filho tem por cinema é uma coisa dele, forte (influenciado por mim, claro, mas é uma paixão sincera.) Que bom que ele tão novinho já tem um “hobby” favorito, aliás acho ótimo termos várias paixões durante nossa vida.

Entramos na tenda, em pé na fila, enquanto o mesmo palhaço que estava lá ano passado fazia suas palhaçadas. Todos sabem que eu não gosto de palhaço, mas esse é bem legal. Dali a pouco chegou a Turma do Pipoca, e Bernardo adorou, correu com os bonecos, tirou foto. Ganhamos jujubas embaladinhas com o rosto dos personagens no saquinho.

Nisso acontece o inesperado ... o repórter da Globo Minas chegou do nada e começou a entrevistar o cara que estava atrás de mim, com uma filha um pouco mais velha que Bernardo. O cara começa a falar que é professor em São João del Rey e que estava levando a filha ao cinema pela primeira vez...

Pronto, já estava com os olhos cheios d´água. Aquela criança ia ao cinema pela primeira vez. Que emoção ia sentir? Ia gostar tanto quanto meu filho? Minha cabeça rodou, e eu tirei fotos dela com Bernardo brincando com os bonecos, anotei o email do pai para mandar os registros desse dia tão incrível.

Além disso, saímos na TV, foi um brilho só! Aparecemos na reportagem da Globo Minas sobre o último dia da Mostra. Nem vou colocar o link aqui, porque a fama foi efêmera e passageira.

Segue abaixo o print dos meus 2 segundos de fama na Globo Minas. (Agradecendo à Sandra Serpa, uma querida da minha equipe de produção)




Agora percebo porque o cara não decidiu não nos entrevistar: Bernardo era a única criança fantasiada e eu a única com cara de turista maluca.

Entrei no cinema já com vontade de chorar pensando na menina estreando no cinema, lembrando dos cavalinhos que sofrem puxando charretes na praça da cidade.

O filme “Uma Professora Muito Maluquinha”, não era muito atrativo pra mim, sinceramente achei que seria chato. Mas me dei mal... o filme é lindo... saí da sessão com nariz de rena, olho inchado. Já no inicio tem música de Milton Nascimento, e pra mim ele é tão máximo que se ele cantar “Ai se eu te pego” eu me emociono.

O filme começa com um menino e seu primeiro dia de aula. Pronto, transferi legal para a história de Bernardo e seu ano tão cheio de novidades. Mais choro.
A Professora é uma fofa, linda, com uma visão de mundo diferente, cheia de vontade de fazer coisas novas, de ver seus alunos “pisando firme,cantando alto, sorrindo livre”. Transferi para mim mesma que sofro por ser uma pessoa diferente nesse mundo opressivo, blá-blá-blá get-over-it-e-vai-pra-terapia. Mais choro.

O Chico Anysio (que eu nem sou fã, mas que está doente numa fase tão difícil para a família e amigos – insira aqui mais transferência) está incrível como um Monsenhor sensível, que entende a sobrinha cheia de vida, e está velhinho, sendo cuidado por ela com muitos abraços e beijos. Mais choro.

As crianças descobrindo sentimentos, fazendo grandes amizades, aprendendo sobre o mundo... mais transferência, mais lembranças da turma da escola de meu filho, dos filhos de meus amigos, mais choro.

E no final, enquanto sobem os créditos, “Menina Amanhã de Manhã”, música linda, se joga no clipe aí em baixo. Mais choro, e realmente senti as pessoas me julgando louca enquanto saía do cinema.



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